quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Um cartaz contestatário dentro de minha casa... no Buko Zau



Meus amigos, diz-se habitualmente que uma imagem vale por mil palavras e que uma imagem em movimento vale por duas mil (vejam a televisão) - e, já agora: saibam que entre a malta nas redacções, quando se atira um agrafador ou similar a um tipo que está a chatear, diz-se logo: e uma pedrada a três dimensões vale por um milhão (de palavras)...
Deixo-lhes aí umas coisas do Buko Zau, sob a forma de imagens de grande profundidade emocional para mim, cedidas por gentileza do Dr. Nuno Miguel: o Rio Luáli, um cartaz, a minha casa.
Um dia destes publicamos mais umas fotos de lá.
Aquele 'poster' da escola, que copiei, na altura, de uma revista francesa ('Nouvel Observateur', talvez, sei lá hoje de onde foi... esse cartaz tem uma legenda: «A escola para fazer o quê?». Estávamos numa época de grande constestação da escola, de onde as pessoas saíam todas iguaizinhas umas às outras, contestação essa que nos chegava sobretudo da França que tinha feito o... Maio de 68... (não se esqueçam: estamos em 72/73...).
Pois bem: eu, que não tenho jeito nenhum para desenho, como se vê na gravura, desenhei aquilo em cartolina e o cartazete esteve durante mais de um ano afixado numa parede lá de casa (na outra foto, a casa da esquerda, a mais próxima do Rio Luáli, era a minha - cá em baixo, no Buko Zau).
Um dia, entra o 1º comandante (CJ Delgado) pela casa dentro, pedindo licença, claro, e pediu para ver a casa. Olhou, mirou tudo, fartou-se de fixar o cartaz (julgo que não saberia francês e que, mesmo sabendo, não teria nunca percebido a ironia escola-fábrica...) e notou-se que, mesmo achando que os milicianos não regulavam da cabeça, ficou agradado com o que viu. Ou com quase tudo, vá lá. E, sobretudo, sublinho que nem uma palavra menos própria sobre nada do que lá viu, incluindo o cartazete...

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