domingo, 19 de agosto de 2012

Quarenta anos e duas gerações depois…

A partida
Sábado, dezanove de Agosto de 1972, 21 horas, no terminal do aeroporto militar de Figo Maduro, os militares continentais e ilhéus – madeirenses - que compõem uma parte do efectivo, da 3ªC.Caç/B.Caç 4910/72, constituída por 4-Oficiais,16-Sargentos e 100-Praças, aguarda o embarque com destino a Luanda, ponto de escala para o seu destino Cabinda.
Cerca da meia-noite, um dos dois boeing’s 707 dos TAM, o B8801, parte numa viagem, cujo regresso “fará” vinte e seis meses depois.

A refeição do futuro
Voávamos, nós e os nossos pensamentos, uns agarrados ao passado, outros já espreitando o futuro, apesar de todos termos acabado de desapertar o cinto, quando somos despertados pelo assistente de voo – na FAP tinham outra denominação - que nos estendia uma bandeja inox, repleta de rebuçados de fruta e de onde cada um podia tirar até meia dúzia, era, melhor dizendo foi a refeição para aquelas quase nove horas de viagem. Aquela data já estávamos, quero dizer os nossos chefes, já estavam avançados no tempo, até já serviam refeições sob a forma de rebuçados. Quarenta anos depois, anda todo o mundo à procura da pastilha para substituir o bifezinho.

A chegada
Depois de várias horas de monotonia, lá em cima a noite é monótona que se farta, não há aero moças, não há bebidas e os passageiros são todos M’s, mais parece um quintal de feijão-verde.
Chega finalmente o nascer do sol. Depois de alguma sensação de conforto e tranquilidade, vem aí a excitação e o espanto. A paisagem verde polvilhada aqui e ali por moranças das sanzalas, os animais correndo livres na savana, a terra vermelha e finalmente os bairros urbanos dos subúrbios, feios e degradados.
Pousámos, são nove e meia da manhã, abrem-se as portas do avião, uma lufada de ar quente e estranhos odores. África é já aqui.
Imagens e texto de A. Almeida

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