segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Madeira do Maiombe: muito apreciada e muito explorada naqueles anos

Lembram-se dos enormes camiões que transportavam grandes quantidades de troncos gigantescos de árvore? Sabem quantos hectares (cada ha = 10 000 m2) tem o Maiombe, aquela belíssima floresta virgem? Qualquer coisa como 175 mil.
E imaginam quantos metros cúbicos de madeira é que os madeireiros cortaram e venderam em 73? Foram 285 mil. A maioria em Buco Zau e no Belize, vejam lá... Um verdadeiro crime ecológico, meus amigos. E cometido ali à nossa vista.
Hoje, só para tua informação, não é autorizada extracção de madeira para lá dos 20 mil metros cúblicos por ano.
Comparem.
Para mais informação pormenorizada sobre esta matéria, deves ler este artigo aqui.
Dá para perceber que naqueles anos de 60 e 70 houve uma sangria da Natureza enchendo os bolsos de meia dúzia de pessoas.
Era assim o colonialismo, meus amigos: uma agressão feroz contra as pessoas mas também contra a Natureza: um verdadeiro «salve-se quem puder».
E eram de uma arrogância mítica. A mim nunca me aconteceu nada. Mas sei de quem se tenha visto aflito com eles na floresta. Ao ponto de criarem perigo para a tropa.
Não me admira pois que nas picadas alguns se tenham visto na necessidade de abrir caminho a tiro obrigando os camiões a encostar para que a tropa pudesse passar. Uma situação incómoda mas que, dadas as circunstâncias, temos de ver bem como era...
Dizia-se que os medeireiros nem queriam ouvir falar de escoltas da tropa nem nada disso: sozinhos é que andavam bem.
Quero dizer-te que na Sala de Operações e Informações do Batalhão (eu nessa matéria tinha de ser o adjunto do major Medina Ramos e tinha de saber as coisas, lamentavelmente...) esse problema era muitas vezes avaliado, como se diz na gíria de Operações Especiais.
Não sei se alguma vez algum madeireiro sofreu algum ataque.
Acho que não...

5 comentários:

Anónimo disse...

JCM, deixa-me felicitar-te pela "pedalada" que estás a imprimir no n/blog.Agora umas pequenas achegas sobre o artigo MADEIRAS DO MAIOMBE. Eu vi, repito eu vi, num corte de madeira que estavam a fazer entre Buco Zau e Chimbete estragarem por ganância, dezenas de arvores já com porte consideravel,para abaterem aqueles monstros cujo diâmetro tinha mais de 2 metros, repito eu vi quando um dia fazia protecção à Mota & Cª, numa altura em que terraplanavam o percurso atrás mencionado para fazerem o respectivo alcatroamento.Quanto a ataques a madeireiros o que sei é que o MPLA lhes pregou alguns sustos apenas para eles saberem quem mandava naquelas paragens.

José Carlos Mendes disse...

A situação era mais ou menos essa. Aliás, segundo ouvi dizer há uns anos, o desbaste da floresta virgem entre 65 e 74 foi considerado crime contra a Natureza pelas entidades internacionais do sector.
Mas cá ainda hoje isso é pouco conhecido...
Coisas, meu caro Watson!

João Silva disse...

Almeida, como é?
O convite para a nova conta foi accionado ontem. Como te dissse aguardo.

João Silva disse...

É verdade Zé Carlos, um verdadeiro crime ecológico, que se cometia à frente dos nossos olhos.
Verdade se diga, nós naquela altura também estávamos a marimbar para isso.

Parece que agora à mesmo controle na devastação. Pelo menos está escrito... se cumprem ou não, não temos tanta certeza.

SIR_PAGANINY disse...

Caro amigo José Carlos Mendes: - Reconheço que fui duro e sinceramente lamento arrependi-me pelo que escrevi e agora quem pede desculpa sou eu. Arrependi-me no dia seguinte, por estar mais lúcido e calmo. Acontece que estava de "cabeça quente" descontrolado mesmo. Claro que ñ era caso para tanto. Mas, o meu comportamento se deveu ao facto de eu ter sido recentemente operado devido a uma doença muito grave. Daquelas que assutam qq um. Mas, graças a Deus estou curado.
Não imaginas a alegria que me deste e espero no próximo ano poder abraçar-te. Na verdade fiquei chateado no momento. Mas, acredito que não fizeste por mal. Isso por vzs tb me acontece a mim. Irónicamente nem uso esse tipo de linguagem. Sempre fui e sou educado. Desculpa Mendes, prometo que não volta a acontecer, antes pelo contrário. Terei todo o prazer em te abraçar.
O meu grande abraço sincero e cumprimentos aos teus familiares.

Rui Costa