segunda-feira, 5 de abril de 2010

A minha guerra…

esta história não é nossa, mas é de Cabinda

Quando ouvimos barulho, eu e outro companheiro deitámo-nos no chão, durante mais de uma hora e essa noite pensei que talvez fosse a última da minha vida. Ali ficámos imóveis e o colega que estava deitado a meu lado no chão tremia como varas verdes. Disse-me que tinha fome e respondi-lhe que tínhamos de aguentar, até porque na véspera tínhamos tido ração de combate. Mas de repente meti a mão ao bolso do camuflado, vi que tinha sobrado uma bolacha da ração e dei-lha. Então, ele disse-me baixinho: “é metade para cada um de nós”. Isso ficou-me marcado para sempre. E essa não foi a última noite da minha vida, mas foi aquela em que aprendi o valor da camaradagem.
=Excerto da história de João Ferreira Monteiro=
Ler aqui - Correio da Manhã de 2010-04-04

Esta história é contada por quem esteve na guerra colonial em Cabinda, cerca de dez anos antes de nós. O que mais ressalta da narração de João Monteiro, para além dos valores de camaradagem, é sem dúvida a grande diferença de quem foi de barco e de quem foi de avião.

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