quinta-feira, 13 de junho de 2013

Ainda o MVL ao Miconge

O post de 30 de Maio, «O MVL que o BC4910/72, nunca se recusou fazer», mereceu da parte de um leitor uma enérgica reacção ao mesmo. Esse leitor apesar de não ter sido militar, tem uma forte relação de amizade de quarenta anos, com os militares da Companhia à qual pertenceu o ex-combatente (?), que escreveu o artigo da nossa indignação, em que o elogio à indisciplina se sobrepõe à solidariedade para com os camaradas. O comentário para além de pôr em causa a veracidade dos factos relativamente ao tema ia bastante mais longe, sobre outros assuntos, que vão ficar para mais tarde. Assim e por amor à verdade, propusemos ao FM, que nos desse a sua versão dos factos.
Ela aí fica.

Após a leitura da história relatada no vosso “post” afiguram-se, alguns comentários necessários, de modo a que o bom nome dos militares da Companhia de Caçadores em causa continue imaculado e não possa de alguma forma ser distorcido por uma mente que se confundiu no tempo. Uma parte não deve ser identificada com o todo.
1-Aquela Unidade chega a Cabinda em avião dos TAM em várias fases; a 10, 11, 17 e 18Abr74. Inicialmente foi colocada no Subantando na Fazenda Campo Rico, e dias depois já estava toda instalada na Roça Lucola. Em Cabinda assumiu a responsabilidade ZA Norte, do subsector do N’Tó, a 17Abr74.
2- O BCaç. 4611/72, tem na sua folha de serviço 3 teatros operacionais; Leste de Angola, Caxito e Cabinda, no Leste contribuiu para a erradicação do MPLA naquela Zona Militar, particularmente na operação em que foi abatido o Cmdt. do MPLA chamado de “Kwenhe”.
3- Aquartelado de Abr74 a Nov74, na Roça Lucola onde eu vivia e da qual o meu pai era um dos proprietários, encontro nos escritos desse militar referências pouco correctas quanto à veracidade dos factos. Nunca existiu escola na roça, estava-se muito perto de uma zona urbana, nem se fez qualquer "politização" dos assalariados. Num ano em que a produção de café ultrapassou todas as expectativas, não havia mãos a medir para que a sua recolha fosse assegurada. Os filhos dos empregados iam à Escola de Posto. 
Portanto esse senhor não politizou ninguém e raramente estava na Roça Lucola.
4- Em relação ao MVL que esse “herói” diz ter a sua Companhia unanimemente recusado proteger, afigura-se estranho que a mesma tenha efectuado uma protecção do MVL ao Miconge, retratada em Setembro de 1974, ao mesmo tempo, a referida personagem refere que em Agosto já estavam em Luanda!!!
5- Os dois últimos Grupos de Combate dessa Companhia seguiram para Luanda numa lancha da Marinha a 05Nov74, tendo eu, o meu pai e o meu irmão ido ao cais de Cabinda despedirmo-nos dos mesmos.
Por isso a data do "Dolce fare niente" em Luanda também é esquisita pois o Batalhão só retirou de Cabinda em Novembro, sendo rendido pelo Batalhão 4611/74.
- Os motivos da "prosápia" desse militar que está perfeitamente identificado junto dos seus pares do Batalhão, são meras razões políticas; a negação de que participou naquela guerra, no entanto o tipo de prosa e a linguagem que utiliza, não o abonam em nada como pessoa.
- Neste Batalhão não existiram questões de disciplina nem fracturas no comando militar, muito embora determinadas ordens pudessem ter tido, ou não, o acordo de quem as tinha de cumprir, fica a certeza de terem sido as mesmas cumpridas.
- Não fui militar no BCaç. 4611/72, mas tenho de me levantar na defesa destes camaradas que para além de terem servido o seu País na RMA, não merecem ser denegridos na sua folha postura militar, por alguém que não cumpriu com o lema do batalhão: "Conduta Brava e em tudo Distinta". Mas como bem saberão toda a família possui a sua nódoa...

Fernando Moreira
 


Nota: Brevemente serão inseridas imagens que comprovam as escoltas ao MVL pós 25Abril74, feitas pela 3ª e 2ªCompanhias 4611/72.

2 comentários:

fmoreira disse...

Obrigado. 1abraço.

António Elias disse...

Tendo pertencido ao BCAÇ 4611/72, mais própriamente à 3ª Companhia, sendo na altura o Cmte dum dos Pelotões, confirmo plenamente a descrição do Fernando Moreira.
Nunca tivemos qulquer problemas de indisciplina e, posso mesmo adiantar que, sendo eu também o Oficial de Justiça da 3ª CCAÇ do BCAÇ 4611/72, sei do que falo pois vivi todos estes momentos